terça-feira, 28 de agosto de 2012

Santos/SP, Jovens mostram que é possível se divertir sem drogas ou bebidas

Cada vez mais raros, jovens mostram que é possível se divertir sem drogas ou bebidas


Jogo de empurra. Essa é a definição dos conselheiros tutelares da Zona Leste de Santos, Taís Pereira de Aguiar e Alex Tadeu Alves Rosa, sobre a ação conjunta marcada pela Secretaria de Segurança Pública, em parceria com vários órgãos municipais, prevista para ser desenvolvida na Fonte do Sapo, na Aparecida, em Santos, na madrugada de sábado.

Apesar da presença de representantes dos departamentos envolvidos—entre eles, a Guarda Municipal, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e a Secretaria de Ação e Cidadania —, a intervenção não foi cumprida, conforme o planejado em reunião extraordinária do Conselho de Segurança, realizada na quarta-feira.

Em parte, porque membros do Conselho Municipal da Juventude não compareceram ao local, como ficou acertado. Eles haviam confirmado a participação. A proposta era promover uma enquete junto aos adolescentes que frequentam os luaus naquela área, a fim de ouvir ideias e sugestões para o Município oferecer uma programação específica.

ReivindicaçõesAtividades culturais e esportivas direcionadas aos adolescentes e jovens estão entre as reivindicações do Conselho da Juventude. Para o órgão, a ausência de programas direcionados a esse público tem estimulado o crescimento do número de encontros marcados por meio da rede social Facebook em vários pontos da Cidade, como no Emissário Submarino e na Zona Noroeste. “É preciso acabar com esse estigma de que o adolescente é intocável, que pode fazer tudo, como consumir bebida alcoólica ou drogas”, critica Taís.

Ela já havia revelado que, para convocar e responsabilizar os pais pela falta de controle dos filhos, no caso de menores consumindo álcool em eventos do tipo, o Conselho depende da abordagem da Guarda Municipal. “Não podemos ultrapassar
nossas funções. Essa é uma responsabilidade da Guarda Municipal e da Polícia Militar”.

Taís lembra que o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) atribui esta tarefa à família, mas também a sociedade e o Poder Público devem proteger a criança e o adolescente, assimcomo garantir o seu direito ao desenvolvimento integral. “A sociedade precisa apropriar-se da legislação para colocarem prática o que determina o Estatuto da Criança e Adolescente”. Segundo Alex, uma nova ação é planejada pelo Conselho em parceria com os órgãos municipais.

Desta vez, no entanto, ele espera ficar apenas observando, quer agir. “A ideia não é repreender, mas instrui-los sobre os perigos do consumo de drogas e do álcool”, revela. O Conselho Municipal da Juventude foi procurado para explicar o motivo de nenhum representante comparecer ao evento na Fonte do Sapo, conforme combinado na assembleia extraordinária do Conselho de Segurança. Porém, seus representantes não foram encontrados.


Créditos: Irandy Ribas
Pelo dia, famílias e crianças. Pela noite, bebidas e drogas. Fonte do sapo é motivo de discussão

Há diversão sem drogas e álcool
Enquanto para alguns jovens diversão é sinônimo do consumo de bebida alcoólica e drogas, para outros, entretenimento nada tem a ver com extrapolar limites ou a legislação. Pelo contrário. Os momentos de lazer nos finais de semana têm como finalidade fortalecer a amizade com conversas, risadas e até a prática de trabalhos sociais. Grupos como esses defendem
conceitos como respeito à família e liberdade com limites claros,além de estimularo exercício da cidadania e a importância do estudo.

De escoteiros a membros de igrejas cristãs, essas comunidades sabem que é preciso conquistar o jovem para garantir seu respeito, o desenvolvimento adequado e, claro, sua participação. “Eles precisam saber que para tudo há uma consequência e a importância de seus atos. Aqui, nós praticamos o companheirismo e estimulamos atividades saudáveis”, ressalta o escoteiro Jehan Henrique Alves Ocroche, de 26 anos, que comanda o grupo com idades entre 11 e 15 anos do Escoteiros do Ar, em São Vicente.

IgrejaJá para Eric Viana, pastor da Igreja Bola de Neve, esses exageros praticados pelos jovens, exemplificados pelo abuso de álcool e drogas, são uma forma de demonstrar o vazio e a carência de suas vidas. “Podemos falar com propriedade que essa vida não leva a nada. As pessoas que frequentam a igreja, hoje, já fizeram tudo o que adolescentes fazem na Fonte do Sapo. 

Muitos tiveram de chegar ao fundo do poço para perceber que essa atitude só leva a destruição”, diz. Entre os membros da igreja, o ex-integrante da banda Charlie Brown Jr, Renato Pelado, é referência. “Eu comandava essa loucura e isso me destruiu. Não é preciso droga ou bebida para curtir. Infelizmente, só descobri isso mais tarde. Estou em um novo caminho e não preciso mais dessa vida”.

Matéria do site atribuna.com.br